FATORES DETERMINANTES  SUCESSO ESCOLAR

1.1  A influência dos pais

Constatou-se que os pais que menos cooperam são, na maioria das vezes, os de alunos ditos em risco ou em dificuldade. Sem culpá-los, pois quem pode negar a dificuldade de ser pai, há uma ligação direta e inegável entre a atenção que a família dá à escola e o sucesso acadêmico da criança. Não é tanto a falta de tempo dos pais, mas a falta de motivação e autoconfiança que se transmite à criança.

Atitudes e comportamentos dos pais, como encorajar o filho nos estudos, parabenizá-lo por suas conquistas, expressar ternura para com ele, supervisioná-lo adequadamente, ter altas expectativas e uma atitude positiva em relação à educação, na escola e nas tarefas escolares, ser um modelo de pai-leitor e o envolvimento na vida escolar têm efeitos positivos no sucesso dos jovens. Por outro lado, a falta de apoio emocional, a baixa participação dos pais no acompanhamento escolar, a percepção negativa que os pais têm da capacidade de sucesso do filho, a falta de valorização da educação ou as baixas aspirações educacionais dos pais em relação ao filho podem ter repercussões negativas sobre sua perseverança escolar, principalmente no que diz respeito às suas aspirações, sua motivação e até mesmo seu desempenho acadêmico.

1.2  O ambiente socioeconômico

Numa altura em que o insucesso escolar é regularmente invocado para justificar uma selecção mais rigorosa à entrada nos cursos e níveis de estudo, vale lembrar que o sucesso escolar e a orientação do aluno são determinados pela sua origem social, muito mais do que pelas chamadas "habilidades ". Mas acabamos de ver que a origem social é um determinante crucial do sucesso e da orientação acadêmica.
Para muitas famílias que vivem abaixo da linha da pobreza, a principal preocupação continua sendo a satisfação das necessidades básicas, como ter o suficiente para comer. Também deve ser lembrado que esta pobreza é o destino de muitas famílias monoparentais. Os chefes dessas famílias, em sua maioria mulheres, têm poucos recursos e apoio para criar um ou mais filhos. Estudos de todos os tipos demonstraram a ligação entre "privação" e sucesso educacional. Como bem salientou um livro de memórias, "a pobreza é mais do que uma desvantagem económica. É também uma verdadeira desqualificação tanto social como da vida quotidiana". Em tal contexto, os obstáculos ao sucesso são numerosos.

* Contexto sociocultural e socioeconômico 
- Bairro de residência – bairro  

A criança é influenciada por seus pares (amigos,  bairro, etc)  e tende a imitá-los e se adequar às características do bairro. Em outras palavras, os jovens que vivem na mesma comunidade estarão propensos a adotar os modelos comportamentais daqueles que os cercam, sejam eles positivos ou negativos. Este determinante está obviamente intimamente ligado ao contexto sociocultural e socioeconómico. Bairros desfavorecidos, áreas rurais remotas, setores de alta concentração  da pobreza  manifestam diferentes problemas ao seu nível, incluindo, regularmente, o abandono escolar. Na análise do contexto sociocultural e socioeconómico serão tidas em conta as taxas de desemprego e inatividade, bem como a escolaridade dos pais, principalmente da mãe.

* Dieta e atividade física
Os hábitos de vida, incluindo alimentação e atividade física, são fundamentais para o desenvolvimento do jovem, seu bem-estar, sua autoestima, sua realização pessoal e social, bem como sua saúde, ou seja, todos os elementos relacionados ao seu sucesso educacional. Os jovens que praticam esporte geralmente têm maior atenção na escola e melhor desempenho cognitivo. Ao contrário, alimentação inadequada e comportamento sedentário podem interferir no aprendizado e no sucesso acadêmico.

*  Tabaco-álcool-drogas
O uso excessivo de tabaco, álcool e drogas é por vezes sintomático de um mal-estar escolar ou no âmbito pessoal e familiar do jovem. Em alguns casos, o consumo de álcool e drogas constitui para o jovem uma estratégia para evitar ou fugir das responsabilidades escolares, incluindo a escolha de uma carreira. Este consumo também tem um efeito prejudicial no desenvolvimento geral dos jovens, tanto para a sua saúde física como psicológica, numa altura da vida em que a maturação do corpo e do cérebro não está completa.

* Acessibilidade

O acesso a determinados serviços (bibliotecas, etc.) pode revelar-se problemático para os jovens e as famílias, por exemplo devido ao afastamento geográfico, à disponibilidade de lugares ou à distribuição de recursos entre bairros ou cidades.

1.3  A influencia dos professores

Por sua vez, os educadores têm a oportunidade e o dever de levar em consideração as habilidades, interesses e origens de seus alunos ao elaborar seus planos de aula e ensinar suas disciplinas. Ao fazer isso, eles podem superar as desvantagens que afetam sua população estudantil. Para realmente ajudar esses jovens, eles devem receber um melhor apoio individual que lhes permita descobrir quem são e o que querem. Você tem que dar a eles as informações de que precisam para obter o treinamento de que precisam. Muitos, especialmente os jovens, querem que a escola seja mais do que um lugar onde se dá educação. Queremos que a escola se torne um ambiente de vida e um lugar de cultura para os jovens. Sugerimos dar aos conselhos estudantis seu devido lugar dentro da escola e desenvolver atividades extracurriculares.

* Relação professor-aluno (infância e adolescência)
O professor é um adulto significativo para o jovem, da mesma forma que seus pais. A qualidade da relação entre o professor e o aluno exerce assim uma grande influência no sucesso académico deste último, influência por vezes subestimada pelo próprio professor. A atividade intelectual de aprendizagem requer um mínimo de segurança e bem-estar para o qual o professor pode contribuir por meio de interações calorosas e positivas. O professor tem um grande impacto na percepção dos alunos sobre suas habilidades, seu comprometimento acadêmico, sua apreciação do valor das disciplinas escolares, suas expectativas de sucesso e seu desempenho acadêmico. A qualidade da relação é ainda mais importante para os alunos expostos a vários fatores de risco de evasão. Os conflitos com os professores são frequentemente invocados pelos desistentes para explicar o seu abandono.

1.4 Comportamentos dos Alunos

Existem também outros fatores de risco que podem influenciar o sucesso acadêmico, principalmente aqueles relacionados a atitudes inadequadas como retraimento, agressividade, baixa autoestima, percepção negativa da escola, etc. Um participante chegou a estimar a taxa de evasão para alunos com dificuldades comportamentais em mais de 80%. Estatisticamente, esses fatores de risco aparecem com mais frequência em níveis socioeconômicos mais baixos (1).

O tempo dedicado ao aprendizado e a confiança nas próprias habilidades são os dois fatores mais importantes para o sucesso acadêmico (1).
Os jovens que estudam e fazem o dever de casa têm maior probabilidade de sucesso do que aqueles que não o fazem.

2.1  Ferramentas e técnicas de aprendizagem

Ênfase na língua de instrução em relação ao sucesso “A aprendizagem da língua de instrução deve ser objeto de atenção prioritária. para as outras disciplinas escolares e sua persistência ao longo da escolaridade obrigatória fazem dela um dos principais determinantes da diferença de desempenho mais geral observada entre meninos e meninas."

(Continua em nossa próxima seção)